Lukashenko Vislumbra Nova Vitória na Bielorrússia: Eleições 2023 e Controvérsias na Europa

Estamos diante de mais um capítulo conturbado da história política da Bielorrússia, onde neste domingo, Alexandre Lukashenko, que está no poder desde 1994, parece estar se preparando para mais uma vitória em um cenário que muitos, especialmente os opositores exilados, consideram uma farsa. Aos 70 anos, Lukashenko tem sido chamado de “último ditador da Europa”, e seu governo é constantemente cercado por denúncias de repressão e manipulação eleitoral.
Lembro que nas eleições de 2020, Lukashenko foi declarado vencedor com impressionantes 80% dos votos, um resultado que, convenhamos, levantou várias sobrancelhas. E não é para menos. O processo eleitoral anterior desencadeou protestos massivos, onde relatos de detenções e violência policial viraram manchete. Mais de 65.000 manifestantes foram levados para os calabouços e muitos deles sofreram abusos severos. Hoje, segundo grupos de direitos humanos, cerca de 1.300 prisioneiros políticos fazem parte dessa triste realidade bielorrussa. Até onde isso vai, é uma incógnita angustiante.
Lukashenko não só mantém seu domínio via política interna repressiva, mas também se firma no tabuleiro geopolítico com a ajuda da Rússia. O que dizer do apoio que ele recebeu, especialmente sendo um ponto de partida para a invasão russa à Ucrânia em 2022? E a presença de armas nucleares táticas em solo bielorrusso, conforme a assinatura de um pacto com Putin, é mais um exemplo da complexidade e da tensão elevadas entre o ocidente e a Rússia. A pergunta que não quer calar é: será que esse jogo político só tende a esquentar?
É curioso notar que, mesmo governando com pulso firme, Lukashenko tenta dar uma de bom moço com algumas medidas, como os recentes perdões humanitários em que liberou 250 presos políticos. Mas será que isso é genuíno ou apenas uma tentativa de melhorar sua imagem internacional? Svetlana Tikhanovskaya, a líder exilada da oposição, já mandou o recado: as eleições não passam de um espetáculo e pediu aos bielorrussos que desconsiderem qualquer candidatura que não traga um verdadeiro desafio à sua administração.
Enquanto Lukashenko busca consolidar mais um mandato no meio desse sublime teatro político, a Bielorrússia continua a ser um campo de batalha de tensões entre a Rússia e o ocidente. E com a guerra na Ucrânia em curso, somada às frenéticas movimentações nucleares, a atenção da comunidade internacional permanece redobrada nessa região tão instável.
O futuro político da Bielorrússia ainda parece nebuloso, e, com certeza, as ramificações de tudo isso ecoarão muito além de suas fronteiras. Vamos acompanhar o desenrolar dessa história e ver aonde essa trama vai nos levar. A liberdade de expressão e o debate público, cada vez mais essenciais em um mundo conturbado, parecem continuar em uma luta desigual nas terras bielorrussas. É uma reflexão a se fazer, e, quem sabe, um movimento que pode mudar o cenário político no país.